Above: Former Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva © Paulo Whitaker / Reuters Opinion by Pepe Escobar is an independent geopolitical analyst. He writes for RT, Sputnik and TomDispatch, and is a frequent contributor to websites and radio and TV shows ranging from the US to East Asia. He is the former roving correspondent for Asia Times Online. Born in Brazil, he's been a foreign correspondent since 1985, and has lived in London, Paris, Milan, Los Angeles, Washington, Bangkok and Hong Kong. Even before 9/11 he specialized in covering the arc from the Middle East to Central and East Asia, with an emphasis on Big Power geopolitics and energy wars. He is the author of "Globalistan" (2007), "Red Zone Blues" (2007), "Obama does Globalistan" (2009) and "Empire of Chaos" (2014), all published by Nimble Books. His latest book is "2030", also by Nimble Books, out in December 2015.
Acima: O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva © Paulo Whitaker / ReutersPepe Escobar é um analista geopolítico independente. Ele escreve para a RT, Sputnik e TomDispatch, e é um colaborador frequente de sites de rádio e programas de TV que vão desde os EUA à Ásia Oriental. Ele é o ex-correspondente itinerante de Asia Times Online. Nascido no Brasil, ele tem sido um correspondente estrangeiro desde 1985, e viveu em Londres, Paris, Milão, Los Angeles, Washington, Bangkok e Hong Kong. Mesmo antes do 11 de Setembro ele especializou-se em cobrir o Oriente Médio e a Ásia Oriental e Central, com ênfase na geopolítica das grandes potências e guerras de energia. Ele é o autor de “Globalistan” (2007), “Red Zone Blues” (2007), “Obama faz Globalistan” (2009) e “Empire of Chaos” (2014), todos publicados pela Nimble Books. O seu livro mais recente é “2030”, também pela Nimble Books, em Dezembro de 2015.

“BRICS” é a mais suja das siglas do cinturão de Wall Street, e por uma boa razão: a consolidação dos BRICS é o único projecto orgânico e de alcance global com potencial para inviabilizar o aperto dos excepcionalistas sobre a chamada “comunidade internacional”.

Dessa forma não é nenhuma surpresa que os três principais poderes dos BRICS estarem sob ataque simultâneo, em várias frentes, já desde à algum tempo. Quanto à Rússia, é tudo sobre a Ucrânia e a Síria, a guerra dos preços do petróleo, o ataque hostil e estranho sobre ao rublo e a demonização da “agressão russa”. Na China, é tudo sobre a “agressão chinesa” no Mar do Sul da China e do raide (falhado) às bolsas de valores de Xangai / Shenzhen.

O Brasil é o elo mais fraco dessas três potências emergentes. Já no final de 2014, ficou claro que os suspeitos habituais não teriam qualquer tabu para desestabilizar a sétima maior economia global, visando uma boa mudança de regime à moda antiga através de um cocktail desagradável de impasses políticos (“ingovernabilidade”)que arrastariam a economia para o lodo.

Das inúmeras razões para o ataque incluem-se a consolidação do banco de desenvolvimento dos BRICS; o esforço concertado dos BRICS para a negociação nas suas próprias moedas, ignorando o dólar norte-americano e com o objetivo final de criar uma nova moeda de reserva global para o substituir; a construção de uma grande linha de telecomunicações de fibra óptica submarina entre o Brasil e Europa, bem como a outra ligação que visa ligar os BRICS da América do Sul aos da Ásia Oriental – ambos ignorando o controlo dos EUA.

E acima de tudo, como de costume, a mais sagrada razão – o desejo ardente dos excepcionalistas de privatizar a imensa riqueza natural do Brasil. Mais uma vez, é o petróleo.

PRENDAM LULA OU ENTÃO…

A WikiLeaks já havia denunciado em 2009 como as grandes petrolíferas estavam activas no Brasil, tentando modificar – por todos os meios de extorsão possíveis – uma lei proposta pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido como Lula, fixando a rentável e estatal Petrobras como a detentora dos direitos de exploração da maior descoberta de reservas de petróleo no século 21; os depósitos do pré-sal.

Lula não só manteve as grandes petrolíferas – especialmente ExxonMobil e Chevron – fora do quadro, mas ele também abriu a exploração de petróleo brasileiro à Sinopec da China, como parte da parceria estratégica Brasil-China, no seio da aliança dos BRICS.

Não há fúria igual à dos excepcionalistas desprezados. Tal como a Máfia, eles nunca perdoam. Lula um dia teria que pagar, como Putin deveria pagar para se livrar dos oligarcas na esfera dos EUA.

A bola começou a rolar com Edward Snowden a revelar como a NSA estava espiar a presidente brasileira Dilma Rousseff e altos funcionários da Petrobras. Isto foi conseguido com a colaboração da Polícia Federal, que recebe formação, informação e acompanhamento, tanto do FBI como da CIA (principalmente na esfera do anti-terrorismo). E continuou através da investigação do “Lava Jacto”, que descobriu uma vasta rede de corrupção envolvendo funcionários dentro da Petrobras, principais construtoras brasileiras e políticos do Partido dos Trabalhadores no poder.

A rede de corrupção é real – com “provas”, geralmente testemunhos, raramente apoiados por documentos, obtidos principalmente a partir de mentirosos compulsivos / trapaceiros / vigaristas em série astutos, que denunciam alguém como parte de um acordo judicial.

Mas, para os promotores do “Lava Jato”, o objectivo real foi, desde o início, chegar a Lula.

CONHEÇA O ELLIOT NESS TROPICAL

Isso leva-nos até à espectacular e Hollywoodesca operação de sexta-feira, em São Paulo, que enviou ondas de choque pelo mundo fora. Lula “detido”, interrogado, humilhado em público. Isto foi a forma como eu analisei isto ​​em detalhe.

O Plano A do raide ao estilo de Hollywood a Lula era um plano duplamente ambicioso. Não só para preparar o caminho da impugnação da presidente Dilma Rousseff ao abrigo de um complô de “culpa por associação” muito rebuscado, mas também para “neutralizar” Lula de vez, impedindo-o de concorrer novamente às eleições em 2018. Não havia um plano B.

Previsivelmente – como em muitas das criações do FBI – toda a operação saiu furada. Lula, numa lição de mestria política através de um discurso transmitido ao vivo para todo o país, não só de forma convincente passou a imagem de si mesmo como um mártir de uma conspiração, mas também galvanizou as suas tropas. Até mesmo os conservadores mais respeitáveis ​​vocalmente condenaram o show Hollywoodesco, desde um ministro do Supremo Tribunal Federal, um ex-ministro da Justiça, e até mesmo o economista Bresser Pereira, um dos fundadores do PSDB – os ex-social-democratas que se transformaram em aplicados aliados dos excepcionalistas e líderes neoliberais da oposição de direita.

Bresser verdadeiramente declarou que o Supremo Tribunal Federal deve intervir no processo “Lava Jato” para evitar abusos. Lula, por exemplo, tinha pedido ao Supremo Tribunal detalhes sobre qual a jurisprudência que era relevante para investigar as acusações contra ele. Para além disso, um advogado que estava no centro da acção do show Hollywoodesco afirmou que Lula respondeu a todas as perguntas as durante as quase quatro horas de interrogatório sem piscar – perguntas que ele já tinha respondido antes.

O advogado Celso Bandeira de Mello, por sua vez, foi directo ao assunto: a classe média alta brasileira – que chafurdam na arrogância, ignorância e preconceito, e cujo sonho é um condomínio em Miami – estão com medo e pavor de morte de que Lula possa ganhar de novo em 2018.

E isso nos leva ao juiz e carrasco de todo o drama: Sergio Moro, o actor principal do “Lava Jato”.

A carreira acadêmica de Moro é pouco emocionante. Ele não é exactamente um peso pesado da teoria. Formou-se como advogado em 1995 numa universidade medíocre no meio do nada num dos estados do sul do Brasil e fez algumas viagens aos EUA, uma delas financiada pelo Departamento de Estado para aprofundar o tema da lavagem de dinheiro.

Como eu disse antes, a obra-prima dele é um artigo publicado em 2004 numa revista obscura (“Considerações sobre a Operação Mãos Limpas”, na revista CEJ, número da edição 26, Julho / Setembro de 2004), onde ele claramente exalta a “subversão autoritária da ordem jurídica para atingir alvos específicos” e usando os meios de comunicação social para intoxicar a atmosfera política.

Em poucas palavras, o juíz Moro literalmente transpõe a notória investigação da operação “Mãos Limpas” da década de 1990 em Itália, para o Brasil – instrumentalizar ao máximo os meios de comunicação social e e judiciais para conseguir uma espécie de “deslegitimação total” do sistema político. Mas nem todo o sistema político – apenas o Partido dos Trabalhadores – como se as elites que permeiam o espectro político da direita brasileira fossem santos imaculados.

Por isso, não é nenhuma surpresa que o negócio da família Marinho, o império de comunicação social da Globo – um ninho de reacionários, não muito inteligentes, víboras que entretiveram com relações muito confortáveis ​​com a ditadura militar brasileira nas décadas de 1960 até 1980. Não por acaso, a Globo reportou, muito ao estilo de Hollywood, antes dos factos ocorrerem, o que lhe permitiu ter uma cobertura geral ao estilo da CNN.

Moro é visto por legiões no Brasil como o Elliot Ness indígena. Outros advogados que têm acompanhado de perto o seu trabalho sugerem que ele alimenta a fantasia distorcida de que o Partido dos Trabalhadores é um parasita de multidões saqueadoras do aparelho do Estado com o objetivo de entregá-lo, em pedaços, aos sindicatos.

De acordo com um desses advogados que falou aos meios de comunicação social independentes brasileiros, o ex-presidente da Ordem dos Advogados no Rio de Janeiro, Moro está rodeado por um bando de jovens promotores fanáticos, com pouco conhecimento jurídico, e crendo que são a versão brasileira do Antonio di Pietro (mas sem a solidez do procurador milanês do “Mãos limpas”). Pior, Moro é indiferente ao facto de que a implosão do sistema político italiano levou ao surgimento de Berlusconi. No Brasil, o resultado certamente seria o emergir de um idiota apoiado pelo império Globo, cujas práticas de oligopólio seriam bastante “Berlusconianas”.

OS PINOCHETS  DIGITAIS

Pode ser sustentado o caso de que o raide Hollywoodesco a Lula tem um paralelo directo para com a primeira tentativa de um golpe de Estado no Chile em 1973, que testou as águas em termos de resposta popular antes do golpe a sério. No remix brasileiro, variados vermes dos mídia da Globo revelaram-se Pinochets digitais. Pelo menos muitas ruas em São Paulo hoje ostentam grafitis com a frase “golpe militar – nunca mais”

Sim, porque se trata de mais uma revolução “artificial” – sob a forma de uma impugnação de Rousseff e enviando Lula para a forca. Mas os velhos hábitos (militares) são difíceis de morrer. Os vermes dos mídia da Globo agora exaltam o Exército a ir para as ruas para “neutralizar” as milícias populares. E este é apenas o começo. A ala direita está a preparar-se para uma mobilização nacional no Domingo chamado de – e o que mais podia ser – a “impugnação (impeachment) de Dilma”.

O mérito do “lava Jato” é o de investigar a corrupção, conluio e tráfico de influências num Brasil abismalmente corrupto. Mas todos, todas as facções políticas, devem ser investigadas  – incluindo as que representam as elites brasileiras. Esse não é o caso. Porque o projecto político aliado ao “Lava jato” não poderia importar-se menos com a “justiça”. A única coisa que importa é a perpetuar a crise política viciada como um meio para arrastar a sétima maior economia do mundo para a lama e chegar ao Santo Graal: uma revolução “artificial”, ou uma boa “mudança de regime” à moda antiga. Mas 2016 não é 1973, e todos agora sabem que é um aproveitamento para uma mudança de regime.

Fonte: https://www.rt.com/op-edge/334904-brazil-brics-lula-economy-regime/

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